quarta-feira, 9 de agosto de 2017

Ivete Sangalo responde sobre clipe, concorrência, show novo, “The Voice”, próximos singles – tudo
Postado Por: iveteonlineCompartilhe:


Com 45 anos, Ivete Sangalo está em plena atividade. Não dá pra reclamar: em menos de um mês, ela recebeu o troféu de melhor cantora popular no Prêmio da Música Brasileira, fez turnê na Europa, foi indicada ao Prêmio Multishow, lançou single com Wesley Safadão e estreou clipe no “Fantástico”. E ainda é mãe, esposa, filha. Cumprindo agenda de divulgação de “À Vontade”, sua música nova, ela conversou por telefone com o POPline no caminho para buscar seu filho de sete anos no colégio, o que é bem sintomático desse momento.

O que vem pela frente não é muito diferente: neste mês, ela começa a gravar a nova temporada do “The Voice Brasil”, enquanto cuida dos preparativos e ensaios para uma turnê nova, que estreará no Palco Mundo do Rock in Rio, com transmissão para todo o país. E isso não é tudo. Ivete quer lançar mais singles até o fim do ano. Acompanhe o bate-papo abaixo.

Parabéns pelo clipe! Deu muito trabalho gravar?

Ô, vou te falar. Eu estava tão feliz, engajada, que passou super rápido. Foram três dias de muito trabalho. A gente, de fato, investiu muito no clipe para ele ficar com aquela qualidade. O número de pessoas trabalhando passou de 200 pessoas, eu acho. Foram três dias lá na Cidade das Artes [no Rio de Janeiro]. O primeiro dia foi todo para ensaiar posição de câmera, prova de figurino e coreografia. No outro dia, foi inteiro pegando meus takes, dançando, e no outro fiz uma parte e depois o Wesley chegou para fazermos juntos, que ele tinha um tempo disponível para a gente. Foi trabalhoso? Foi trabalhoso, mas estava tudo tão bem organizado… A gente fez muitas reuniões prévias do que iria acontecer e, na hora, cada um sabia seu papel e desempenhou muito bem. Não teve percalços. Foi tudo muito organizado. Eu adoro.

O foco do clipe é a dança. Quem propôs esse desafio para você?

A ideia inicial dessa concepção aí foi minha. A interpretação dessa ideia foi de Giovanni [Bianco] e Henrique Sauer, que são os diretores do clipe. Eu queria que tivesse os anos 60, porque mesmo as danças mais agitadas eram dançadas a dois. Eu queria muito essa coisa das pessoas voltarem a dançar junto. Isso não é um propósito: “ah, agora ninguém mais pode dançar sozinho”. Não. Eu adoro dançar sozinha. Tem músicas que a gente dança só. Mas tem essa nostalgia de dançar junto e, nessa década de 60, as pessoas ainda dançavam junto, mesmo com a chegada do rockabilly. E aí a Cidade das Artes veio para não ficar uma coisa tão datada. Mas isso tudo já foi uma visão do Giovanni e do Henrique.

Como foi para ensaiar? Porque você outro dia mesmo estava na Europa fazendo show. Tem uma agenda cheia.

Mas eu já fui para a Europa com o clipe gravado! Na Europa, ele já estava aprovado. Já tinha tido corte de edição, feito a pós, tudo. Já fui tranquila, com o coração tranquilo (risos). Eu peguei as coreografias em um dia com o Alonso [Barros, coreógrafo].

Esse é seu primeiro clipe desde “O Farol”, que foi em 360º e um estouro no Facebook…
É! Em “O Farol”, minha ideia era criar uma concepção diferente, e nós conseguimos. Foi das pessoas curtirem aquela onda de tecnologia. Foi um sucesso, sem dúvida nenhuma. Agora é outra onda, para você assistir sentadinho, ou em pé dançando, no carro, em qualquer canto.

Foi mais de um ano e meio entre os clipes. Os fãs cobravam isso de você?

Na verdade, não é uma cobrança. É uma vontade. Eles falavam “quando é que vai ter clipe, cantora?”. E eu falava: “calma, que a gente vai lançar um bem lindo”. Entre “O Farol” e “À Vontade”, eu também fiz um DVD acústico em Trancoso, que foi um grande sucesso, graças a Deus. Aí pronto. A gente fez esse clipe muito lindo, muito bem produzido. Foi um investimento muito alto, que valeu muito a pena.

“À Vontade” saiu no mesmo dia que o “Baldin de Gelo” da Claudia Leitte. Você ouviu?

Ouvi e adorei! Falei para ela: “tem dias que eu acordo com o ‘chão, chão, chão’ na cabeça”. A gente conversou, falei para ela me mandar o flyer para divulgar, e vice-versa. A gente tá junto, né velho? Ninguém faz nada só.

Pela primeira vez, seus fãs e os da Claudia não brigaram na Internet por causa de uma competição boba, e uniram forças na #BaldinDeGeloAVontade. Você viu?

Eu não vi, não. Mas acho maravilhoso! Essas intrigas são promovidas por outros grupos, que tem algum interesse nisso. É difícil entender que interesse seria. Mas quando a gente está envolvida, focada e trabalhando, dedicada, isso passa muito longe. Sem muita importância. Eu sempre falo para a Claudia: a gente tem que dar cada vez menos importância para isso, porque só atrapalha a energia dos trabalhos de cada um. Vejo isso com relação a outros artistas também. É uma tremenda perda de tempo. Uma playlist não se faz de uma música só, né bicho? Ninguém ouve uma música só na vida, ou vê um clipe só. A vida é feita do diverso, das opções. Já pensou que inferno seria só poder usar uma mesma cor, só poder ouvir uma mesma música? Ia ficar muito monótona a vida. É uma bobagem. É uma competição sem vencedores. Não tem vencedores nessa competição.

Os fãs parecem que entenderam essa proposta de vocês, que se empenharam em mostrar que não há rixa de uns anos para cá.
Todo mundo entende desde o início! Como é que as pessoas vão falar de uma coisa que nunca existiu? Isso é uma criação. As pessoas entendem. Você sabe como é que funciona.

Qual o lugar da concorrência na sua carreira?
Olhe, Léo, a minha maior concorrência sabe quem é? Eu mesma. A única pessoa que pode destruir o meu caminho ou aniquilar o meu trabalho sou eu. Ninguém mais. Quando eu me levanto para trabalhar, ou eu faço direito ou eu mesma me ferro, então eu me dedico e vou ter o retorno. O maior inimigo que nós temos somos nós mesmos, quando a gente não tem estímulo, não tem coragem, não tem vontade para levantar e fazer as coisas, não busca se renovar. Eu sempre falo isso: o insucesso de um colega não é o nosso sucesso. Isso é um grande equívoco. Se o outro não está bombando, não significa que você vai brilhar. Você tem que ser bom independente do bom do outro, daquele ou daquela. Essa coisa da nossa vitória ser pautada na desgraça do outro é o maior equívoco da humanidade.

Agora também a gente vive um momento, no Brasil e no mundo, de empoderamento das mulheres, de união, de ‘girl power’ mesmo.
Independente desse momento, eu sempre acreditei nisso, desde pequena. Esse empoderamento feminino existe dentro de mim desde que eu era pequena.

Faz parte já da sua formação, né?
Não, não faz parte, não. Simplesmente é. (risos) Entendeu?

E o “The Voice” adulto? Já está gravando?
Vou começar agora dia 28 de agosto. Ai meu Deus! Vou emagrecer oito quilos só de tensão! Tomara, né? Para ver se eu perco essa pochete!

No infantil, você se envolveu muito com as crianças, levou para os shows, para o DVD… Como você acha que vai ser com os adultos? É outro universo, outro momento.

É outro universo. São universos diferentes, mas só na condução, porque são muito semelhantes ao tratar do sonho daquelas pessoas ali, submetidas a uma análise, trabalhando essas oportunidades. Eu, apesar de ser uma cantora reconhecida, ter meu sucesso e minha carreira, sei exatamente o que passa no coração de alguém que quer muito aquilo, porque eu quero muito meu trabalho, amo, gosto quando dá certo, gosto de ver as pessoas felizes quando eu canto. Não é diferente desses artistas. Talvez eles não sejam tão veteranos quanto os artistas que já estão aí em voga. Mas os sonhos são os mesmos. Tem que ter esse cuidado, para você não chegar naquele momento tão especial da vida da pessoa e passar uma coisa equivoada. O grande cuidado é esse, porque talento todos têm, senão não estariam ali. O negócio é você chegar de uma maneira que seja lúcida, esclarecedora, mas que não desencoraje. O programa, se você for parar pra ver, vai ter um vencedor, diante de tantos talentos! Essas vozes que não passam para a outra fase não podem desistir da vida artística porque não ganharam aquele prêmio. Ao mesmo tempo que você trabalha com a eliminação, não pode tirar dessa pessoa a força dela continuar, porque imagine se todo mundo só continuasse porque ganha um prêmio. É uma loucura isso. Eu mesma nunca ganhei prêmio nenhum.

Que mentira! Você já ganhou um monte!
Depois de ser cantora! Eu digo, assim, em competição antes. Nem bingo eu ganhei, meu amor. Meus prêmios foram todos depois que me tornei uma cantora notada e tal. Como essa turma, que está chegando em uma competição com outros grandes artistas, nunca. É difícil dimensionar talento assim. Todos têm. Vai muito pelo dia, pelo repertório, pela postura, pelo menos nervosismo, enfim… O grande fator é a circunstância: o que vai rolar ali agora. Talentosos todos são. Mas o que vai rolar hoje para você? “Pô, hoje você não escolheu um repertório bom” ou “você está muito nervoso” ou “não te favoreceu…”. É o hoje. O hoje.

Nos últimos anos, o mercado de música mudou, a venda caiu, o streaming alavancou e seu último disco de estúdio foi o “Real Fantasia” (2012). Você pretende fazer outro ou vai apostar apenas em singles e gravações ao vivo?

Olhe, Léo, eu acho que ampliou e democratizou. Tem para todo mundo: é o disco, é o vinil, é o stream, é a fita. É tudo isso. Democratizou. Mas – há muitos anos atrás, quando eu ia para fora do país e via os cantores lançando singles e trabalhadno bastante aquela música, aí um tempo depois lançava outro single, sem necessariamente fazer um disco – eu me perguntava porque o Brasil nunca tinha assumido essa postura. Lá nos Estados Unidos e na Europa, o single sempre foi praxe na vida do artista. Sempre. Bota aí 20 anos atrás: já existia a cultura do single. Agora tomou uma força e uma proporção muito grande no Brasil, e estou usufruindo dessa possibilidade. O disco sempre será um grande xodó. Eu pretendo lançar, neste ano, uns três singles e, no final do ano, catalogá-los e criar um EP.

Calma aí. Três singles ainda esse ano?
Eu pretendo. Eu pre-ten-do! Vamos ver se rola. (risos)

Porque falta pouco para o ano acabar, hein.
Que nada! O que está acontecendo: com essa coisa do single e a gente poder trabalhar fortemente uma música, as pessoas têm muito acesso à música. Eu lancei o clipe 23:50 no domingo e hoje [terça-feira] já tenho 2,4 milhões de streams na Internet. Ou seja, o alcance da música tomou outra proporção. O que a gente conseguia divulgar em cinco meses hoje em dia a gente divulga em um mês. A gente divulga com muito mais facilidade. Isso dá oportunidade para a gente lançar mais músicas em um período mais curto de tempo, o que é maravilho. É muito bom ter um repertório novo por semestre.

No mês que vem, você canta no Rock in Rio na mesma noite da Lady Gaga.
É! Eu soube que a Lady Gaga está doida para me conhecer! (risos)

Você gosta dela?
Eu adoro, eu adoro. Acho Lady Gaga maravilhosa.

Você nunca viu show dela, né?
Nunca vi, não. Mas tenho vários amigos que já foram e me mandavam vídeos. Meu maestro mesmo foi. Ela é maravilhosa!

O seu show será da turnê acústica ou não?
Não, não. Estou montando um show novo, com cenário novo, tudo especialmente para o Rock in Rio. A partir do Rock in Rio, sigo com esse show em turnê o resto do ano.

Já tem nome?
(pausa). Não. Até agora, não pensei no nome. Estou tão focada na questão do cenário e da disposição de banda, dessas coisas, que eu… eu vou pensar em um nome!

Ivete, como você dá conta? Parei para pensar e é muita coisa!
Pois é. Você falou “e o nome?” e eu pensei “caral**, e o nome?!”. (risos) Estou aqui na porta da escola, em um engarrafamento desgraçado. Vim pegar meu filho para levá-lo para a natação, e voltar para casa… aí tem que dar entrevista, entrar na Internet, ensaio para o Rock in Rio… amor, eu vou agarrada na mão de Deus! Pego na mão dele e vou! Ele é o produtor maior, né?

Ivete, você fica de mau humor em algum momento? Nunca te vi sequer amuadinha!
Fico! O que foi que eu aprendi: quando estou assim, chatinha, eu evito sair de casa, evito encontrar pessoas, porque já chega, né? As pessoas já têm seus problemas… aí tem que encontrar uma pessoa mal-humorada? Eu tenho TPM. Tenho muita TPM. Mas não sou uma pessoa rancorosa, nada dessas coisas. Quando estou chateadinha com alguma coisa, eu fico quieta. Mas eu não consigo ficar assim muito tempo. Se eu chegar em algum lugar que tiver gente legal, que eu gosto, eu já renovo a energia, jogo pra cima, e vamos lá!

O que você tem ouvido de música?
Olhe, vou te dizer. Você tem que anotar aí. Ultimamente, tem sido uma loucura de tanto trabalho, mas tem um disco “Espiral de Ilusões”, do Criolo, que eu amo. É um disco de samba, e eu amo. Aí tenho ouvido Criolo, Mahmundi, outro dia botei para ouvir Gonzaguinha antes de dormir. Tem um grupo de reggae que canta… como é que é o nome? (pensa) Eu gosto muito de reggae, ouço muito. Lá em casa, com o Marcelinho, a gente tá numa onda de “Eye of Tiger”, do “Rocky Balboa” (risos). Eu sou muito eclética. Ouço de tudo.

Para terminar, deixe um recadinho para todo mundo do POPline.
POPline é chique. Amo POPline. Quando aparece aquela barra rosa na timeline, já piro. É Billboard, é não sei o quê. Muito obrigada pelo carinho de vocês. Vocês estão sempre me acompanhando e tratando de mim com muito carinho. De verdade. Um grande beijo para todos aí.

Fonte : Popline
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