segunda-feira, 7 de agosto de 2017

Em novo clipe, Ivete não se agacha e brilha
Postado Por: iveteonlineCompartilhe:


Todo mundo já deve ter reparado que estamos em plena temporada de lançamentos dos novos trabalhos das cantoras que arrastam multidões Brasil adentro. No dia 30, Anitta, o fenômeno, quebrou a internet ao lado de Pabllo Vittar no deserto do Marrocos e escolheu uma balada gay animadíssima para apresentar o clipe; no dia 4, Claudia Leitte mandou descer o baldinho de gelo na plataforma digital Vevo; no domingo (6), foi a vez de Ivete Sangalo mostrar sua nova música, “À vontade”.

Três clipes extremamente bem produzidos, com alta capacidade de aderência nas redes sociais, hoje o objetivo maior de qualquer artista para reverberar sua música.

Eu adoro as bad girls, afinal são elas que movem o mundo, e me diverti muito com o clipe de Anitta e Pabllo, duas maravilhosas odaliscas do apocalipse e do marketing certeiro. Sou carioca, frequentei muito baile funk e tenho verdadeiro horror a certos deputados que andam preconizando marginalizar o ritmo enquanto o país cava mais fundo sua cova nesta crise moral, política e econômica. A eles, meu desprezo eterno.

Mas o clipe de Ivete é um ponto fora da curva.

Também sob a curadoria de Giovanni Bianco, o genial brasileiro que trabalhou com Madonna e que em maio assumiu a direção criativa da Vogue italiana, a baiana propõe resgatar uma suavidade vintage dos anos 1950 que andava meio em baixa, mas que volta com tudo, inspirando-se no musical Grease – Nos tempos da brilhantina para emoldurar seu dueto com Wesley Safadão.

O vídeo, aliás, não tem nada de safadão. A coreografia – milagre! – não tem um passo sequer de twerk, a dança agacha-rebola-levanta importada das casas de striptease de Las Vegas que virou febre em 2013 graças a Miley Cyrus, Beyoncé e Rihanna e que ao Brasil chegou com tudo pelo funk “Quadradinho de 8”. Ivete e Wesley, ao contrário, protagonizam um jogo de conquista pela dança, pela troca de olhares, pelo quase beijo, pela insinuação. É um clipe sexy, sim, mas de uma sensualidade menos literal, um xadrez romântico embalado por uma lambada slow motion de pegada caribenha que vai agradar a um público dos 8 aos 80 anos. Ivete é a musa pós-twerk.

Não sei se ela está tão ligada aos movimentos das passarelas internacionais, mas Giovanni Bianco, com certeza. Desde as marchas das mulheres que tomaram as ruas do mundo depois da eleição de Trump, as grifes foram tomadas por coleções “comportadas”, que resgatam a feminilidade do pós-Segunda Guerra Mundial e que chegarão às lojas do mundo inteiro a partir do fim do mês.

Só para citar três exemplos de estilistas altamente influentes: Miuccia Prada investiu em vestidos mídi com estampas digitais florais para a Prada; Maria Grazia Chiuri trouxe saias compridas evasês e silhuetas de bailarina com jaquetas de couro na Dior (como Ivete usa em determinado momento do clipe); Pierpaolo Piccioli encompridou as mangas de seus vestidões florais de fundo escuro na Valentino. O sexy pelo sexy perdeu a vez na fila da moda.

É como se as marcas transmitissem o recado das ruas contra a epidemia de assédio às mulheres: não aceitaremos mais ser vistas como peças de carne. Mas não confunda esse movimento com aquele trinômio infame de “bela, recatada e do lar”. As mulheres estão cobertas, sim, mas com uniformes de guerrilha por seus direitos. Tanto que a Dior colocou uma boina de Che Guevara na cabeça das modelos – a peça já tem fila de espera, e olha que só vai ser lançada em setembro.

O figurinista Dudu Bertholini acertou em cheio em suas escolhas para Ivete e seus bailarinos: estampas de xadrez vichy, calças e jaqueta jeans coladinha no corpo, listras navy, saias rodadas gráficas, bustiês de decote em V, tudo o que está na onda da temporada de primavera/verão no Brasil e está bombando agora no calor europeu.

Por falar em decote, nesta terça-feira (8), data de seu aniversário, Preta Gil vai apresentar o clipe de sua nova música, “Decote”, no também aguardadíssimo dueto com (olha ela de novo) Pabllo e também sob a direção de Giovanni. É lacre atrás de lacre nos clipes das divas nacionais.

Fonte : Epoca
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