domingo, 26 de fevereiro de 2017

Ivete Sangalo brinca com preparação para brilhar na Sapucaí: 'Pronta como atleta'
Postado Por: iveteonlineCompartilhe:


No clássico “O que é que a baiana tem?”, Dorival Caymmi mostrou ao país que o samba da Bahia e do Rio podem conviver na mais perfeita sintonia. Ele começou a escrever a obra-prima, imortalizada na voz de Carmen Miranda, em Salvador, e finalizou em terras cariocas. Quase 80 anos depois, uma mulher que “tem graça como ninguém” vai unir novamente esses dois estados, sem fronteiras entre si, mas vizinhos no mesmo amor, o carnaval. Soberana há anos na folia baiana, Ivete Sangalo troca neste domingo o trio elétrico pelo carro alegórico para receber, como enredo da Grande Rio, a homenagem mais importante da carreira e colocar seu nome na história da Marquês de Sapucaí.


— Hoje eu vou me amostrar toda (risos). Quero comemorar com o Rio, a Bahia. Já me sinto uma mulher vitoriosa mesmo se não vencermos o campeonato — diz a cantora, que chega hoje à capital do samba, após pular com seu bloco, o Cerveja & Cia, ontem em Salvador.

Foram justamente os compromissos com sua terra natal que impediram Ivete de se aproximar mais intensamente do carnaval carioca como tem feito este ano (Confira a As aparições de Ivete Sangalo na Sapucaí ). Ao aceitar o convite para ser enredo, ela participou da escolha do samba, gravou a faixa da Grande Rio no CD, canta hoje e no sábado das campeãs no camarote da escola e tem divulgado os preparativos do desfile em suas redes sociais e em shows.

— Recebi mais de uma vez convite para ser rainha de bateria. Para desfilar, perdi as contas, mas, para virar enredo, é a primeira vez. Tenho uma rotina complicada nesta época. Não poderia participar intensamente dos ensaios e acho que uma rainha, por exemplo, tem que estar próxima da comunidade, da sua gente. Não é justo eu entrar na escola e só aparecer no dia do desfile — abre o jogo Ivete, deslumbrante neste ensaio exclusivo para a Canal Extra, produzido horas antes — anote aí — de mais um compromissão com a Grande Rio: o ensaio técnico da Tricolor de Caxias na Sapucaí, no fim de janeiro.


Para o desfile oficial de logo mais, não vão faltar lembranças da terra natal, Juazeiro, (presente na comissão de frente e nas primeiras alas); a chegada a Salvador; o início da carreira; o estouro com a Banda Eva; e, por fim, o sucesso internacional. A cantora promete uma caravana de conterrâneos vindos da Bahia para desembarcar no Sambódromo. O marido, Daniel Cady, de 31 anos, e o filho, Marcelo, de 7, estarão no último carro ao lado da homenageada. Aliás, o herdeiro dos Sangalo compete com a mãe no quesito animação. É dez, nota dez!

— Ele cobra dos parentes se todos estão com o samba na ponta da língua e vai filmar tudo. Marcelo é a mãe, enquanto Daniel é mais tímido. Mas ele me prometeu que vai deixar a vergonha de lado. Quero ver as veias do pescoço e da cabeça estourando. O mais engraçado disso tudo têm sido as reuniões de família. É um perguntando onde o outro vai desfilar. Nosso grupo de WhatsAap está bombando — conta ela, que não se incomodou em virar enredo aos 44 anos (Roberto Carlos e Silvio Santos foram homenageados na Passarela aos 69 e 70 anos, respectivamente): — Seria a última coisa que pensaria. Sou uma pessoa no auge da minha carreira e que pode participar de todo o processo de pré-carnaval. Isso é uma honra.

O enredo sobre Ivete confirma um longo casamento entre a Sapucaí e a Bahia. As festas do Bonfim, de Iemanjá e homenagens a figuras ilustres do estado como Dorival Caymmi e Jorge Amado são tão recorrentes quanto a marcação do surdo numa bateria. No ano passado, outra baiana famosa, Maria Bethânia, ajudou a Mangueira a sair de seu maior jejum sem títulos. Sem contar o reinado de rainha de bateria de Claudia Leitte na Mocidade, que, mesmo nascida em São Gonçalo, é uma das representantes da axé music.

— Conversei muito com Claudia (Leitte) quando ela foi anunciada como rainha. Depois nos falamos naqueles últimos dias antes do desfile sobre as tensões, expectativas. Com Bethânia, eu a vi no Sábado das Campeãs, mas é complicado perguntá-la o que ela sentiu quando foi enredo. Acho que é uma experiência tão pessoal. Cada um tem seus sentimentos. Sei que ficarei com um negócio na garganta. Será difícil aguentar tanta força boa que vou receber — descreve ela, que, ao ser lembrada sobre a possibilidade de conquistar o primeiro título da Grande Rio no Grupo Especial, engasga: — Não fala isso, menino. As pernas até tremem.

Se a emoção é difícil de controlar, o corpo da cantora segue um rígido regulamento, sem estripulia alguma para não ser penalizada na apuração da balança. Nas últimas semanas, ela intensificou de duas para quatro vezes as aulas de boxe — sua mais nova paixão. Na alimentação, aumentou a exigência na escolha dos ingredientes que vão para o prato. Entram em sua cozinha sucos de hortelã, gengibre, castanha (“Daniel faz pra mim”). Saem leite, molho de tomate, arroz (“Tudo que pode estimular refluxo ou mucosa é descartado”). Ivete só não restringe o bom humor para falar de suas curvas:

— Gostosona me sinto sempre. Estou hoje pronta como atleta pra cruzar a Avenida. Adoro ter esse preparo físico. Tenho lá minha celulite, minha barriguinha, tudo amiguinha, mas prezo muito pela qualidade de vida. Não faço loucuras. Subo 23 andares de escada correndo do meu prédio, mas tudo acompanhada de um personal. Eu não paro nunca!
Para a quarta-feira de cinzas, nada de treinos. Ivete tem um compromisso profissional, em Salvador, mas não descarta dar uma fugidinha para acompanhar a apuração na Praça da Apoteose. Caso não consiga chegar a tempo no Rio, seus pensamentos estarão em cada leitura de notas:

— O carnaval carioca me traz lembranças tão lindas do meu pai, que nos ensinava as regras do desfile, os sambas... Se vamos vencer ou não, só posso afirmar uma coisa: o que acontecer na noite de domingo (hoje) não sairá jamais da minha memória.
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