quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

Grande Rio dá toque de tradição na homenagem a Ivete Sangalo
Postado Por: iveteonlineCompartilhe:


"E passo a passo no compasso/O samba cresceu/Na Candelária construiu seu apogeu..." Os versos do samba do Império Serrano de 1982, "Bum bum paticumbum prugurundum", elegem a Avenida Presidente Vargas decorada nas décadas de 1960 e 1970 como o melhor momento da festa. Pois este ano, a ornamentação daquela época vai estar num carro alegórico que, certamente, despertará a saudade da turma acima dos 40 anos. Quem vai apelar à nostalgia é a Grande Rio, a escola mais jovem do Grupo Especial. A alegoria representará a presença da homenageada Ivete Sangalo na folia carioca.
A tricolor de Caxias despertou resistência dos puristas ao anunciar o enredo "Ivete de rio a Rio". Mas o desfile terá alegorias e fantasias clássicas, como em outros enredos que citaram o Nordeste e a Bahia, terra da homenageada. Haverá artesanato; carrancas do Rio São Francisco, que banha a Juazeiro onde Ivete nasceu; o Pelourinho de Salvador, para onde ela foi buscar o sucesso; e sanfoneiros das festas juninas. Mas não há referência aos orixás, porque o carnavalesco Fábio Ricardo quer evitar clichês:

- Nós abordamos a musicalidade e o carnaval baiano. Vamos à origem no sertão para contar o que ajudou a transformá-la numa estrela.

A decoração da avenida é parte da memória de Ivete. Menina, ela assistia aos desfiles do Rio pela TV na época em que a passarela tinha ornamentação, que era escolhida por concurso e levava a assinatura de grandes carnavalescos, como Fernando Pamplona e Rosa Magalhães. A passarela continuou a ser enfeitada quando o desfile foi para a Sapucaí em 1978 (com arquibancadas desmontáveis), mas a inauguração do Sambódromo, em 1984, acabou com a festa, já que aqueles desenhos coloridos não eram parte do projeto de Oscar Niemeyer - tiveram um breve retorno, em 1988, para nunca mais voltar.

Fábio pretende ser original, mas a cultura baiana clássica já garantiu títulos no carnaval, e talvez os jurados não se incomodem com o vistoso casario do Pelourinho da Grande Rio. Em 1969, o Salgueiro foi campeão com "Bahia de todos os deuses". Três anos depois, o Império Serrano fez história ao homenagear Carmen Miranda, que ajudou a construir a imagem do estado ao gravar "O que é que a baiana tem?".

Em 1980, a Imperatriz ganharia o primeiro título com "O que é que a Bahia tem?"; e em 1986 a Mangueira venceria homenageando Caymmi. Alimentou-se assim a ideia de que a terra do acarajé dá sorte. A lenda ficou adormecida por mais de duas décadas, até que ano passado a Estação Primeira, após jejum de 13 anos, levou o título com "Maria Bethânia, a menina dos olhos de Oyá", destacando a religiosidade da cantora nascida no Recôncavo Baiano.

Se os os jurados - e os orixás - não fizerem distinção entre axé e MPB e nem entre a Bahia tradicional e a moderna, a Grande Rio já entra na Sapucaí com meio caminho andado.

Fonte : EXTRA
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