O Anfiteatro Pôr-do-Sol será palco, no domingo, dia 12, a partir das 16h30min, de um encontro entre uma fã com a obra de um ídolo. A cantora baiana Ivete Sangalo, acompanhada do rapper paulistano Criolo, estará à frente do projeto "Nívea Tim Maia", um passeio pela obra do cantor e compositor, fiel representante da soul music brasileira, sinônimo de balanço, suingue e ousadia.
"Já existia o interesse da Nívea em fazer um projeto comigo. De cantar a obra de algum artista, que também era algo que queria fazer. Algumas sugestões foram dadas, nomes que não vem ao caso, mas quando a surgiu o de Tim Maia, daí já viu. Eu tenho uma intimidade muito grande com a obra do Tim. Como intérprete, vai ser uma catarse", disse a cantora em entrevista por telefone hoje, se dividindo entre as funções de mãe, dando atenção ao filho e os compromissos com a imprensa. "Como eu andava escutando algumas coisas de rap nacional, logo pensei no Daniel Ganjaman (que assina a Direção Musical) para estar no projeto e no Criolo para também fazer parte disso. E a sintonia é tão absurda", completa a cantora.
Sobre o próprio Tim, Ivete se derrama: "O Tim ainda é um cara muito popular e de muita verdade no que cantava. Não conheço e nunca vi niguém dizer que não gosta do Tim Maia. Ele lidava com o sofrimento de uma forma muito poética". Cantarolando os primeiro versos de "Imunização Racional (Que Beleza)", Ivete completa dizendo que, em plena devoção à seita Universo em Desencanto, Tim Maia fez todo mundo cantar o que ele acreditava: "As pessoas nem sabiam do que se tratava, mas foram embaladas pelo ritmo e cantaram junto".
O show traz 28 composições, lançadas entre 1969 e 1986, sucessos absolutos do repertório de Tim, além de algumas pérolas que ganharam arranjos especiais, com Ganjaman "esquentando" a orquestra toda, revitalizando os arranjos originais e modernizando o repertório. Ivete e Criolo se dividem no palco, cantando ora sozinho ora em dupla, como em "Sossego", "Um Dia de Domingo" e "Acende o Farol". "O mais difícil foi chegar nesse repertório. Cantar, os arranjos, a sintonia com Criolo e banda, isso foi fácil. Difícil foi escolher o que cantar em meio a um repertório tão extenso", diz a cantora. O show ainda traz canções como "Gostava Tanto de Você", "Azul da Cor do Mar", "Réu Confesso", "Não Vou Ficar", Ela Partiu", "O Descobridor dos Sete Mares", "Não Quero Dinheiro" e "Primavera". Depois de Porto Alegre, o projeto passará por Recife (dia 26), Salvador (24 de maio), Fortaleza (31 de maio), Brasília (14 de junho), Rio de Janeiro (21 de junho) e São Paulo (28 de junho).
Quem acompanha a carreira de Ivete Sangalo sabe que ela não para por muito tempo. Não é à toa que é chamada de Furacão Baiano. Dona absoluta de sua carreira, figura fácil em especiais de TV, programas de auditório, festivais pelo país e fora dele, Ivete tem sempre um projeto a ser realizado. "Tenho um estúdio em casa, daí vou gravando algumas coisas, uma releitura ali, uma coisinha nova aqui. Não gosto muito do imediatismo das coisas. Vou deixando acontecer, tudo a seu tempo, como esse projeto do Tim Maia. Devo ficar por mais um ano ainda com o show desse DVD novo ("Ivete Sangalo 20 Anos - Multishow ao Vivo"). Quero levar ele, que já está azeitadinho no palco, para capitais por onde ainda não passei, por cidades do interior e ainda passar por França, Espanha e Portugal", diz Ivete.
"Eu vivo muito feliz com a minha profissão, com essa vida de artista. Tem coisas em mim que gosto muito, como a minha consciência ritmica, depois a voz, a comunicação, essas coisas. O samba, o reggae, o forró, o funk soul são coisas que eu tenho um certo domínio e elas se fazem presentes no meu trabalho. A música baiana tem essa permissividade, no bom sentido da palavra", comenta a cantora. Já sobre a carreira de atriz, Ivete se diz que a música é em primeiro lugar, mas que gostaria de voltar a atuar. "Quero fazer cinema", completa
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